sexta-feira, 13 de maio de 2011

CAPÍTULO 1

Eram 8 horas da manhã e o despertador tocava desesperado.

Valerie lutava contra suas pálpebras pesadas. Não podia se atrasar novamente ou a Sra. Summers lhe daria uma detenção, e nesse momento a última coisa que precisava era prestar serviços à Summit School. Por ser seu último ano naquele inferno, faria de tudo para que pudesse se ver livre do lugar.
Relutante e sem vontade alguma forçou-se a levantar do aconchego de sua cama.

O cheiro de gordura invadiu suas narinas ao atravessar o corredor até o banheiro. Provavelmente sua mãe estava preparando bacon com ovos para algum de seus namorados. Valerie teve a certeza deste pensamento quando ao entrar no chuveiro, pôde ouvir as risadas excêntricas que vinham da cozinha. Aquilo definitivamente era nojento.

Aliás, sua mãe era nojenta, se é que pode-se chamar Marian Smith de mãe. Ela era o tipo de mulher que qualquer pessoa em sã consciência jamais se aproximaria. Alcoólatra, drogada, vadia... Ela jamais havia tratado Valerie como uma filha. Se não fosse pela avó, possivelmente a garota teria vivido em algum orfanato, o que talvez tivesse lhe sido melhor.

Valerie jamais conheceu o pai. Diziam que ele havia morrido quando ela nasceu. Acidente de carro ou qualquer coisa do tipo. Não importava. Estava morto. E de qualquer maneira, sua morte tinha sido muito bem-vinda, afinal era graças à pensão que recebiam que conseguiram se livrar da enorme lista de desabrigados de New York.

Não é que não sentia falta de uma presença paterna em sua vida, mas sempre fora o tipo de pessoa que simplesmente não se apegava ou amava ninguém. De fato, não amava nem a si mesma.

Não era feia, muito pelo contrário. Tinha o corpo naturalmente perfeito. Seios fartos, cintura fina, quadris largos e coxas torneadas;ou seja, o tipo de corpo que qualquer mulher sonharia em ter. Sem contar a perfeição de seu rosto. Traços finos, olhos extremamente azuis e com cílios perfeitos, tinha lisos e longos cabelos negros e lábios naturalmente rosados. Sua pele branca como leite dava o toque final para que fosse confundida com uma boneca de porcelana em tamanho real. Se quisesse, poderia ser a garota mais popular do colégio.
No entanto, Valerie usava roupas que lhe deixavam o menos atraente possível, além de sempre manter no rosto aquela expressão "se mexer, apanha!".

Após terminar o banho, vestiu-se em 5 minutos. Ajeitou a mochila gasta nas costas e sem olhar a cena obcena que ocorria na cozinha (dava para saber isso pelos gemidos agudos de sua mãe)saiu batendo a porta da entrada atrás de si.
Mal tinha se virado na direção do elevador,quando deu de cara com Mike Peterson, seu vizinho de apenas 12 anos de idade, caído no corredor. No mínimo estava chapado pra variar.
Tomou o elevador barulhento e se preparou para mais um dia fatídico.

Eram essas cenas matinais que lhe davam forças para que continuasse estudando. Precisava de estudos para arranjar um emprego decente. E precisava de um emprego decente para poder se livrar daquele pardieiro, de sua mãe alcoólatra e de tudo que vivera até seus 17 anos.
Ela sabia nunca fez e nem queria fazer parte daquele mundo no qual crescera. Na verdade, não queria fazer parte de coisa alguma.

Valerie Smith apenas sentia que a Terra simplesmente não era seu lugar.

7 comentários:

  1. Uma vida bem difícil, uma barra pra quem tem 17 anos... enfrentar alcoolismo, a falta do pai... com certeza essa história vai ser boa!

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  2. bem interessante, adoro historia assim, vamos ver a continuação né... : D
    http://iliketeenworld.blogspot.com/

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  3. Que vida, hein? Coitadinha. Quero continuação, tá muito massa. :)

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  4. O texto é bem realista e com certeza algumas pessoas já passaram por esta situação.
    Excelente blog!Minha primeira vez aqui e gostei...

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  5. q vida tensa susauhuha a mãe alem de ser alcoólotra é pulta

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  6. Muito bom!

    Tipo de história que realmente prende a atenção, além de quase transportar o leitor pra cena.

    Gostei. Se puder, me avise da continuação, por favor.

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