sexta-feira, 1 de julho de 2011

CAPÍTULO 8

-Mãe? - chamou ao perceber o silêncio incomum no apartamento.

"Fui passar o final de semana na casa do Jeffrey" dizia o bilhete sobre a mesa de centro.

Ótimo!Realmente precisava ficar sozinha!
Afundou-se no sofá fedorento e começou a fazer mentalmente um resumo da última semana. Talvez fosse hora de procurar a Srta Mullen, a psicóloga da escola. O que diabos estava acontecendo com ela? Sentia-se observada o tempo todo. Sentia como se milhares de câmeras escondidas estivessem ao seu redor e que a qualquer momento, se por algum vacilo não ficasse atenta a esses olhos invisíveis, a escuridão poderia tomar conta de si.

Escuridão...Quantas vezes já não esteve perdida ou até mesmo confortada pela sua própria escuridão? Antes, queria permanecer nela o resto de sua miserável vida. Mas agora tinha medo.

E como se não bastasse toda a sua paranóia, ainda tinha que aguentar as aulas particulares de matemática com o imbecil do Gordon como companheiro... E o Walker...

Maldito Walker! Ele era a razão de todo o seu conflito, de toda essa confusão de sentimentos. Estar perto dele era tudo o que ela não precisava! Não precisava daquele olhar de piedade e súplica que ele lhe dava! Não precisava daquele contato tão próximo que estavam tendo nem daquela atenção especial que parecia ser dirigida somente à ela!

Estava apaixonada! Apaixonada por alguém que mal conhecia! Apaixonada por alguém tão impossível, tão proibido!

Sentiu os olhos úmidos, uma dor no peito! Não podia mais controlar! Deixou as lágrimas caírem soltas pelo seu rosto. Há quanto tempo isso não acontecia? Achou que simplesmente havia esquecido o que era chorar, e agora estava ali, sentindo-se frágil, vulnerável e terrivelmente sozinha!

A chuva fustigava as janelas do apartamento e Valerie sentiu um vento gélido percorrer sua espinha então ouviu um som estranho vindo do seu quarto.
Secou as lágrimas com o dorso da mão direita e levantando-se cuidadosamente afim de não fazer qualquer barulho caminhou até o meio do corredor que ligava a sala aos quartos.

Era uma espécie de lamúria. Mas quem poderia estar lá?

Lentamente empurrou a porta do quarto e a visão que teve lhe causou pânico.

Em sua cama havia uma garota nua sentada de costas para a porta. O cabelo preto e longo estava sobre os seus ombros e dois cortes enormes,um de cada lado, sangravam em suas costas.

Valerie tentou segurar o grito, mas ainda assim sua voz pôde ser ouvida.
A garota então virou a cabeça em sua direção e seus olhos extremamente azuis focalizaram a outra encostada na parede do corredor.

Era como se um espelho estivesse entre as duas. Os mesmos olhos. O mesmo rosto.

A garota no quarto era a própria Valerie que agora sentia o sangue quente descer em suas costas e manchar a parede.

Um comentário:

  1. Conheço bem essa angústia da Valerie relatada no início do capítulo e não é uma sensação fácil ou passageira.

    Essa aparição... Seria uma alucinação ou algo em sentido mais figurado? Aguardando ansiosa o próximo capítulo.

    E pensando aqui: tua história tá ganhando cara de filme! Pelo menos na minha cabeça... Muito bom!

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